A verdade

       Todos gostam, todos dizem ter e fazer uso da mesma, todos falam ser de suma importância para o bom desempenho de uma sociedade bem construída e desenvolvida, mas será que a verdade existe realmente? Ou em um mundo de inversão de valores a qual estamos vivendo ela corre o risco de ser extinta. A verdade sempre teve e terá seu lugar.
       Um certo adágio popular se não vulgar, diz que uma mentira dita muitas vezes passa a ser verdade, aí já está uma grande mentira. Há ainda outro que dizem que a mentira tem valor enquanto a verdade não chega; esse, por sua vez parece ser mais certo. Pois é, essas são algumas versões populares sobre a verdade. Porém ela existe e tem sua importância e participação na construção do valor humano acompanhada da integridade que somada a honestidade produz caráter, que por sua vez gera a alegria.
Há uns dias ouvi história de um sábio que viveu na Pérsia há muitos anos e quando este completou dez anos pediu licença à sua mãe para ir a Bagdá a fim de estudar. A mãe deu então, quarenta moedas de prata sendo esta a parte que lhe tocava de herança de seu pai, já morto. O menino se despediu de sua mãe que lhe deu este último conselho: “Vai meu filho com a bênção de Deus e de tua mãe, e nunca, aconteça o que acontecer, nunca deves mentir”. O menino acatou o conselho da sábia mãe e partiu rumo ao seu ideal. Próximo à cidade de seu destino ele foi preso por um bando de salteadores os quais lhe interrogando perguntaram a quantidade de dinheiro que ele tinha. Quarenta moedas de prata respondeu o pequeno rapaz sem timidez, e os homens questionaram qual o local em que as moedas estavam. Ele então respondeu que estavam no forro da sua túnica, pois sua mãe as prendeu com costura. Os salteadores riram-se duvidando do menino julgando serem enganados. Na inconformidade dos fatos resolveram levar o pequeno na presença de seu chefe, para comprovar tal atitude.
        O chefe do bando também o questionou sobre o dinheiro, e o menino respondeu o que já havia dito aos outros. O homem perguntou o porquê de o menino contar com tanta seriedade e franqueza o lugar onde tinha o dinheiro. E o menino respondeu que quando saiu de casa havia prometido à sua mãe que independente do que acontecesse, ele jamais mentiria. O salteador espantado com tal ato disse: “Menino tu nos destes uma grande lição de vida e moral, sendo tão pequeno não tivestes medo de falar a verdade nem fostes capaz de trair tua mãe! Oxalá fosse eu fiel a Deus como tu à tua mãe”. O chefe ordenou que soltassem o menino e disse a seus subordinados que o levasse de volta ao seu caminho para que pudesse seguir seu destino e cumprir seu desejo. O rapaz agradeceu e seguiu seu destino tranquilo por ter cumprido sua promessa de falar a verdade.
        Que exemplo de vida a todos, não é mesmo?! A história deste menino que desde pequeno aprendeu os bons costumes, aqueles adquiridos junto aos pais e que são passados com amor e dedicação para os filhos. Talvez muitos amigos leitores enquanto leem esta coluna, lembrem-se desse tempo e sinta saudade, enquanto outros podem considerar ser isto conversa fiada, quando se trata da realidade vivida atualmente. Entretanto, a verdade deve ser dita e passada adiante. A bíblia diz claramente: “Instrui o menino no caminho que deve andar e até quando envelhecer não se desviará dele” (Provérbios 22. 6). Que o conceito da verdade jamais venha ofuscar-se de nossas memórias.
      Pensemos nisto.

Pr. João Januário