Mateus 13.44
Quando eu era criança, lembro-me que toda vez que ia fazer compras com meus pais, adorava sair correndo pela ala de brinquedos. E meu pai sempre dizia:
- Filho, sempre que vamos ao hipermercado fazer compras, e entramos na ala de brinquedos, você sai correndo, se solta de mim, para encontrar um brinquedo que vai brilhar diante de teus olhos. E geralmente é o mais caro. Não faça isso meu filho, não porque é o mais caro, mas você correndo, pode perder-se de mim, e não ganhar nenhum presente.
E certa vez, íamos fazer compras, e aconteceu a mesma coisa. Entrei no hipermercado, logo queria chegar à ala de brinquedos. Chegando lá, soltei-me de meu pai, para achar aquele que seria o mais impactante. Meu pai, com certo pesar no coração, pensou; hoje ensinarei uma lição para meu filho! Ao soltar de meu pai, ele se escondeu, e deixou-me para escolher um brinquedo. Sem perceber que ele já não estava perto, fui saltitante de alegria para escolher. Mas em alguns minutos, logo percebi que estava sozinho. Entrei em desespero, comecei chorar, e chorando procurava meu pai, mas não achava. Meu pai sempre escondido me acompanhava. Era um desespero assustador. Pensei que nunca mais veria meu pai. E então eu fechei meus olhos, e fiz uma oração:
- Papai do céu, eu não quero mais um brinquedo. Eu quero o meu pai, por favor, Deus, por favor!
Quando abri meus olhos depois da oração enxerguei alguém.
O livro de Mateus está falando sobre o ministério de Cristo, as curas, os milagres, sermões, os ensinamentos, a pregação. O contexto está se referindo a parábolas, a glória do reino dos céus, o juízo final. Era comum no oriente a prática de esconder tesouros no campo. Esse costume se originou pela dificuldade de ocultar os tesouros dos ladrões, e de outros perigos que ameaçavam a perda. Quem encontrasse um tesouro num campo, não poderia tê-lo até comprá-lo, mas uma vez que comprasse poderia obter o tesouro.
Ao ler o texto, nos deparamos com um homem que encontrou um tesouro valioso. “O Reino dos céus é como um tesouro escondido num campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o de novo” (Mt 13.44a). Vivemos na pós-modernidade, século 21, isso talvez vocês já estão cansados de saber. E muitas pessoas têm objetivos, planos, projetos a serem alcançados. Às vezes esses objetivos são bons, são importantes, como a conquista da vida profissional, a conquista de uma família, entre vários outros que todo brasileiro almeja.
Porém também percebemos que muitas vezes há uma busca por riquezas a qualquer custo. De ter muito dinheiro, e quem tem muito, parece que cada vez quer mais. Há uma busca às vezes desenfreada por um objetivo, e não medindo as consequências passa até por cima de pessoas para obtê-lo. Mas também sabemos que você pode ser o homem mais rico na terra, entretanto não possuir a paz. Hoje falo de um tesouro que nenhum dinheiro no mundo pode pagar que nenhum ser humano merece, ou poderia fazer algo para comprar. Vemos a história de um homem que encontrou um tesouro por acaso. Mas um tesouro diferente. Cristo é o tesouro, e este é o verdadeiro tesouro, que traz paz ao coração. Eu achava que meu tesouro era o brinquedo que ao encontrar ganharia de meu pai. Mas estava enganado. O homem quando o encontrou logo escondeu, justamente porque viu que era um tesouro valioso, e como já disse, naquele tempo era de costume esconder, para que não fosse saqueado. O homem escondeu para que ninguém o roubasse.
Também percebemos no texto, a alegria que este homem teve ao encontrar este tesouro. Despertou-lhe a alegria. E isto nos chama atenção, pois muitos buscam a felicidade, a alegria, mas não a encontram. Olhando para Cristo, vejo quem ninguém teria um amor assim, de se entregar à morte por amor a todos. E quando se fala todos, é realmente até aquela pessoa onde pensamos que não tem mais jeito. E este encontro, e essa alegria levaram a consequências.
O homem deu tudo quanto possuía, mas isso não foi para pagar o tesouro por ele ser muito valioso, mas numa tentativa de gratidão. O texto não quer dizer que o homem pagou algo pelo tesouro, mas que o tesouro o motivou para dar além de tudo quanto tinha, e também a sua vida. Contudo sabemos que a vida vem de Deus, e o homem estava dando só o que já pertencia a ele. Esta alegria é dada por Cristo, ao sabermos sobre o sacrifício, que ele morreu na cruz por amor a nós, mas ressuscitou ao terceiro dia, garantindo-nos a vida eterna. Somos conquistados por este amor, por este tesouro. O nosso senso de justiça às vezes nos traz dificuldades em aceitar este presente, mas Jesus tornou-se a nossa justiça (I Co 1.30). Deus credita ou contabiliza sua justiça em nosso favor. Ela é imputada a nós.
Jesus Cristo é o tesouro. E este tesouro é um presente de Deus. Presente imerecido. Esse tesouro está bem presente no mundo, parece invisível, mas quando encontrado (não que o homem o encontra) pode mudar a vida de um ser humano. E quando o homem compreende o valor dele, ele percebe que o que importa é viver com Cristo.
A bíblia não nos fala que somos merecedores de ter Jesus. Na oração, falando pra Deus que não queria mais o brinquedo, mas queria meu pai, ali eu entendi o quanto era valioso estar com meu pai, e nenhum brinquedo poderia pagar sua presença na minha vida, pois quando abri meus olhos depois da oração, eu o enxerguei, e tive grande alegria ao encontrá-lo. E o texto nos manda fazer algo, dar a nossa vida para Cristo, não como uma troca. Mas porque entendemos o quão valioso é este tesouro. Somos chamados, quando confrontados por este evangelho a mudar de vida, por causa da alegria que ele nos proporciona. E você que uma vez sentiu essa alegria, e com o passar dos anos parece que ela se esvaeceu, pense: qual é o seu maior tesouro? “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6.21).
Se você está lendo esta mensagem, e sentiu também essa alegria, sentiu o mover dela no seu coração, saiba que é Jesus, o verdadeiro tesouro que está tocando no teu ser. E como resposta a este toque, se você quiser, pode receber Jesus Cristo o dono dessa alegria, em seu coração.
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