Usos e costumes têm sido uma temática bastante enfatizada em alguns circuitos eclesiásticos. E, por decorrência, pela grande ênfase que tem sido concedida a esse tema, não são poucos os que desenvolvem uma profunda confusão entre usos e costumes e doutrina. Para algumas pessoas os usos e costumes possuem equivalência ou mesmo superior valor ao da doutrina; para outras não é se quer feita a distinção entre usos e costumes e doutrina.
O que são cos...tumes: - Costume, esse termo nos chegou através da junção dos termos latinos con – totalmente e suescere – acostumar-se com. Desta forma, o termo costume etimologicamente nos propõe o sentido algo com que alguém se acostuma.
Costumes e Cultura: - Os usos e costumes estão relacionados com a cultura e não com a doutrina, pois a doutrina é exclusivamente de caráter bíblico, isto é, possui constituição divina, universal e imutável. E, como bem se pode ver, o que denominamos por usos e costumes não possuem nenhuma dessas características supracitadas, antes, pelo contrário, ele se expressa como algo humano, local e temporário. Então, para que se entenda a implicação de usos e costumes para a vida cristã é preciso que se enfoque a relação entre cultura e vida cristã.
O que entendemos por cultura: - Cultura, esse é um termo que nos chegou através do latim colo - colere = cultivar, expressando o cultivo do colono, isto é, da agricultura passou a significar o cuidado e aperfeiçoamento das aptidões humanas, para além do mero estado natural. Pode-se sistematizar a compreensão de cultura em três sentidos principais, que são:
1º - Erudição: nesse contexto a cultura expressa à posse de conhecimentos, os quais podem ser de caráter geral ou específico.
2º - Educação: aqui se expressa a idéia da cultura como meio formativo do indivíduo, tanto material, quanto imaterial.
3º - Desenvolvimento Social: entenda-se aqui a cultura como manifestação sociológica. Isto é, como aqueles padrões de relacionamento e comportamento que regem a interação entre indivíduos e sua sociedade, formando assim a individualidade de uma sociedade.
Partindo da tríade supracitada, penso que uma das mais objetivas conceituações de cultura com que tive contato trata-se de uma definição proposta por Louis Luzbetak, o qual assim define cultura: - “Cultura é um modelo para a vida. É um plano segundo o qual a sociedade adapta-se ao seu meio ambiente físico, social e ideativo.”
Sociedade Dinâmica: - Cultura, sob a perspectiva antropológica, evidencia que o modo de pensar, sentir e agir de um grupo social é a expressão de sua individualidade, a qual nunca estará fechada em um invólucro temporal. Numa cultura as coisas mudam, haja vista que o tempo é dinâmico, de modo que há uma enorme variação das tradições com o passar dos anos, e esta é uma realidade cabível até para os usos e costumes que se encontram expressos no cânon, pois eles aludem a uma cultura e um tempo específico.
Igreja, Doutrina e Usos e Costumes: - O elemento basilar para a fé e a edificação da Igreja nunca será os usos e costumes, mas, sim, as doutrinas bíblicas, portanto deve ser nessas que devemos nos preocupar em crescer e nos fundamentar. Os usos e costumes dependem do contexto cultural onde se desenvolvem, visto que o que é normal em uma cultura é possível que cause polêmica e escândalo em outra. Cabe-nos entender a questão dos usos e costumes sob a perspectiva da cultura pessoal, haja vista que se podem encontrar diferentes pontos de vista sobre essa questão em uma mesma casa, ou mesmo em um grupo eclesial.
Equilíbrio – o desafio de uma postura inteligente: - Os usos e costumes por muito tempo ainda continuarão a ser uma questão muito delicada em nosso circuito eclesiástico. Logo, cabe que tenhamos uma mente equilibrada e, uma visão contextualizada à luz da Liberdade Cristã.
Jesiel Paulino
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